domingo, 18 de julho de 2010

Adolescência

1 – A ADOLESCÊNCIA

1.1 – Sobre a adolescência e suas mudanças

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questiona: Qual é a finalidade da encarnação? E os Espíritos respondem: Deus a impõe com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Sabemos que, para progredirem, e chegarem a essa perfeição, os Espíritos precisam passar por etapas que visam à preparação e à adaptação do Ser reencarnante para a vivência da atual existência, ou seja, quando encarnada, a alma passa pelas fases da infância, adolescência e madureza, e cada uma delas é indispensável para que o Espírito possa realizar sua transformação.

Na fase infantil, os Espíritos são mais acessíveis às impressões que recebem e podem reformar seu caráter e reprimir as más tendências2. É nessa fase que os pais têm por missão desenvolver seus filhos através da educação, sendo uma tarefa lhes atribuída por Deus3. A fragilidade da própria infância despertará nos pais um sentimento de amor que facilitará o desempenho de suas atividades educativas.

Após a infância, vem a adolescência. O conceito do termo adolescência como sendo a etapa que se estende, de modo geral, desde os 13 anos até aproximadamente os 21 anos de idade, é comum entre os especialistas que estudam adolescência. É uma etapa de transição em que já não se é criança, mas ainda não se tem o status de adulto! Esse conceito se aproxima da ideia que a Doutrina Espírita nos traz sobre as fases de desenvolvimento do Espírito enquanto encarnado. Essa época coincide com a maturidade física e sexual ocorrida na puberdade e descrita mais adiante. Allan Kardec pergunta, na questão 385 de O Livro dos Espíritos, a respeito do motivo da mudança que se opera no caráter de alguns indivíduos numa certa idade. E a resposta foi breve: É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era. É neste momento que o adolescente confrontará a educação recebida durante a infância com sua individualidade espiritual, dando origem, em muitos casos, a uma verdadeira “crise” de identidade. Esta fase é um período muito delicado para o Espírito, pois além destas questões de natureza espiritual, que provocam grandes perturbações, somam-se outras questões, de caráter material, como modificações hormonais, desenvolvimento cognitivo, dificuldades sociais e afetivas, dentre outras.

Na fase adulta, a alma terá mais consciência de suas responsabilidades, realizando suas escolhas de acordo com o aprendizado feito nas fases anteriores. Coll, Marchesi e Palácios complementam nosso estudo com a seguinte afirmação:
Todas essas mudanças internas e externas, que guardam uma estreita relação entre si, farão do período da adolescência uma importante transição evolutiva muito interessante para o estudo dos processos de mudança e continuidade no desenvolvimento humano, uma transição entre maturidade física, social e sexual na idade adulta.

1.2 – A puberdade

Puberdade é um período de rápida maturação física, a qual envolve mudanças hormonais que refletem em transformações no corpo na primeira fase da adolescência. Alguns estudiosos já descreveram as idades em que essas alterações acontecem, entretanto há variações de indivíduo para indivíduo.

De acordo com Dalva Souza, essa fase da puberdade inicia quando o hipotálamo, que é uma região do cérebro, começa a fabricar substâncias que ativam a hipófise, que é uma glândula controladora de outras glândulas. A hipófise envia hormônios para os ovários na mulher e para os testículos nos homens. Daí eles passam a produzir óvulos e espermatozóides, que vão tornar os adolescentes capazes de se reproduzir.

Percebe-se um “estirão”, ou seja, um rápido crescimento que ocorre antes nos meninos que nas meninas: os membros dos meninos ficam grandes e desproporcionais em relação ao resto do corpo; os ombros e ossos se alargam, a voz se torna mais grave, enfim, tudo vai ficando mais robusto e o adolescente tem dificuldade de se adaptar à nova imagem e, portanto, de controlá-lo.
Nas meninas o quadril se alarga, vem a primeira menstruação, que é chamada de menarca, os seios desenvolvem-se e nesse processo acelerado de mudanças, é comum que os adolescentes passem muito tempo se observando no espelho, a fim de se adaptarem ao novo corpo e à nova identidade que está se formando, pois a imagem infantil está dando lugar à imagem adulta. Para os psicanalistas eles passam por um verdadeiro luto, pois perdem o corpo infantil.

Essas mudanças físicas também ocorrem em nível cerebral, ou seja, o aparelho cerebral todo está amadurecendo e a inconsciência escondida na inocência apresentada pela criança dá lugar à real natureza do Espírito, se mostra tal qual era, pois ao sair da adolescência o Espírito já usa o corpo físico amadurecido e por essa razão pode manifestar todas as suas tendências: permanecem boas se eram fundamentalmente boas, mas se irizam (mesclam) sempre de matizes que estavam escondidos na primeira infância; em outras palavras, aquilo que não aparecia na infância, passa a se mostrar de forma mais perceptível na adolescência, como novas cores se apresentam ao misturá-las a mais uma.


Fonte: Encarte 3 - NEAJ – Núcleo Espírita de Educação e Apoio à Juventude
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALÁCIOS, Jesus. Desenvolvimento psicológico e educação – Psicologia Evolutiva, 2.ed.
São Paulo: Artmed, 2002.
6 SOUZA. Dalva Silva. Os caminhos do amor. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.
7 SOUZA. Dalva Silva. Os caminhos do amor. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007
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